A Jornada de Auto-cura através do Reiki
Como praticantes de Reiki, ajudamos a facilitar o processo de cura para nossos clientes, mas quando se trata de trabalhar em nós mesmos, muitas vezes negligenciamos o quão importante é continuar nossa própria auto-cura. Seguir um caminho espiritual muitas vezes nos deixa pressionados a sermos o praticante de Reiki “perfeito”, livre de gatilhos e feridas, ou a doar tudo de nós mesmos para outras pessoas em nome da compaixão e amor incondicionais. Muitas vezes nos sentimos egoístas quando pensamos em dedicar tempo para nós mesmos, como se cuidar da nossa saúde e bem-estar estivesse tirando de quem nos comprometemos em ajudar.
Reiki e o Desafio da Autoconsciência
Mas a verdade é que não podemos ajudar aqueles ao nosso redor se não nos ajudarmos primeiro. Alguns anos depois de começar minha jornada no Reiki, eu estava estudando psicologia. Eu pensava que havia feito todo o trabalho para curar meus traumas e superar meus gatilhos nos anos anteriores, e queria dedicar minha vida à pesquisa sobre como o trauma afeta nossos cérebros. Meu objetivo era encontrar uma maneira de unir ciência e espiritualidade, usando a pesquisa para comprovar o que eu tinha visto acontecer na minha própria vida – que se você se conectar com algo maior do que você, ficar curioso e se aprofundar, a cura é possível.
Esse objetivo tinha muito potencial para os campos da psicologia e espiritualidade, mas estava baseado em uma falha fundamental: minha crença de que a cura do trauma era um processo único. Eu havia tentado confrontar meus traumas mais profundos da infância no ano anterior, investindo tempo e energia na prática de meditação, terapia EMDR e muito mais. Foi um período extremamente difícil, mas quando sentei na minha sala de aula de psicologia do outro lado desse processo, senti como se tivesse tudo resolvido. Eu achava que estava “curada” e pronta para mostrar aos outros como eles também poderiam começar esse processo por si mesmos.
Tudo isso mudou em um dia na minha aula de Psicologia Anormal. Eu estava sentada na frente de uma apresentação sobre TEPT, sentindo-me excessivamente confiante de que os sinais e sintomas que íamos abordar eram coisas com as quais eu não lidava mais. Lembro-me claramente de dizer para mim mesma: “Estou tão feliz por não estar mais assim.” Mas conforme os slides passavam, comecei a perceber que estava longe de estar curada. Algumas das coisas das quais eu me orgulhava, como minha independência exagerada, eram na verdade mecanismos de defesa disfarçados.
Durante uma hora naquela sala de aula, minha visão de mundo foi totalmente reconfigurada quando percebi que muitas das coisas às quais eu olhava como sinais de “cura” eram realmente convites para ir mais fundo.
Essa aula marcou o início de uma intensa Noite Escura da Alma. No processo de me comprometer novamente com minha cura, percebi o quão longe ainda precisava ir. O próximo ano da minha vida foi cheio de camadas e camadas sendo removidas daquilo que eu achava que eu era. O processo foi feio, intenso e doloroso. Em determinado momento, fui diagnosticada com ansiedade e depressão extrema, tinha ataques de pânico ou flashbacks diários e mal conseguia sair da cama.
Acabei voltando à terapia EMDR e me aprofundando ainda mais na minha prática xamânica de Reiki para descobrir as profundezas dos meus traumas e sombras. Mas ao invés de tentar curá-los completamente ou superar as coisas que tinham acontecido comigo, minha perspectiva mudou. Meu objetivo não era mais curar cada parte do meu ser, mas sim descobrir quem eu realmente era. Cheguei a entender que a cura é um processo, não um destino.
Do outro lado dessa Noite Escura da Alma, olho para trás e entendo o quanto eu precisei desse processo de cura profundamente, mas também percebo como mesmo nas profundez
A cura não é um processo único nem um destino.
Nunca estaremos totalmente curados porque não existe tal coisa como “curado” ou “não curado”. Somos inerentemente inteiros, merecedores e amados. O que consideramos cura é simplesmente o processo de lembrar dessa verdade fundamental. Não precisamos estar “totalmente curados” para ajudar nossos clientes ou ser seres humanos valiosos porque cura e ajuda não são mutuamente exclusivas. Podemos ser praticantes solidários e poderosos enquanto ainda enfrentamos nossos próprios gatilhos. Podemos ajudar os clientes a encontrarem suas respostas mesmo quando ainda estamos procurando pelas nossas próprias respostas. Na verdade, mergulhar em nossas profundezas para liberar as camadas que não nos servem mais é vital para nossa prática porque isso nos permite ter perspectiva e verdadeira compaixão para poder acolher os outros.
Nosso poder como praticantes não vem da nossa capacidade de sermos serenos, conhecedores e totalmente curados. Nosso poder como praticantes, e simplesmente como pessoas, vem do reconhecimento de que nossa escuridão e nossa luz nos tornam quem somos. O objetivo não é erradicar completamente a escuridão, mas usar nossa luz para abraçá-la e aceitá-la.
Quando percebemos que podemos estar em processo e ainda assim sermos eficazes, curadores mas também auxiliadores, envolvidos em autoconhecimento enquanto também apoiamos o trabalho dos outros, é quando ocorre uma verdadeira aceitação e transformação. Não nos isolamos das profundezas da experiência porque deveríamos ser “melhores do que isso”, mas entendemos que a cura é um processo contínuo, marca de um ser humano dedicado a viver plenamente sua vida completa com todas as alegrias e tristezas reservadas para nós ao estarmos vivos.
Dessa forma, trabalhar as sombras traz uma confirmação da vida, um compromisso em vivenciar plenamente tudo o que envolve ser humano. Quando nos engajamos nesse trabalho sombrio e na auto-cura, trazemos luz para as trevas, cura para nossas feridas e compaixão para espaços anteriormente preenchidos pelo medo. Estar aberto para ver os lugares onde podemos crescer e liberar aquilo que não nos serve mais é a marca de uma pessoa vivendo em equilíbrio honrando seu chamado espiritual juntamente com sua experiência humana ao mesmo tempo.
O trabalho das sombras é o que nos permite ser eficazes em nossa prática reikiana, presente em nossas vidas e compassivos conosco mesmos e com o mundo ao nosso redor. Encorajo vocês a deixarem os medos da imperfeição irem embora – medo de não ter tudo resolvido ou medo inferioridade por ainda ter cura pra fazer – Em vez disso abrace a ideia do crescimento pessoal do autoconhecimento, da cura e descobertas sobre sua verdade como sendo um processo constante, um privilégio e uma honra.
O Reiki chama-nos ao compromisso eterno,nós temos o compromisso diário conosco mesmos além do investimento permanente em permanecer interessados e abertos sobre quem realmente somos em cada momento.Adentrando esta jornada esbarramos pela sombra permitindo assim expressarmo-nos ao máximo libertando-nos criando uma vida livre ,alegre,e abundante.